Após assumir cargo em meio a descrédito, chefe da CIA encontra Bin Laden e encerra mandato com chave de ouro

09/05/2011 21:38

 Quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, indicou o moderado Leon Panetta para chefiar a agência de inteligência norte-americana, no início de 2009, muitos congressistas expressaram descrédito e questionaram a falta de experiência do nome escolhido. Dois anos depois, Panetta caminha para o final do seu mandato com um trunfo histórico: ter encontrado e matado o terrorista Osama bin Laden.

Panetta, 72, se formou em Direito pela Universidade Santa Clara, na Califórnia, em 1963. Depois de passar pelo Exército, trabalhou com o senador republicano moderado Thomas Henry Kuchel e foi nomeado pelo presidente Richard Nixon diretor do Escritório de Direitos Civis, cargo que depois abandonaria por discordâncias com as diretrizes do governo.

Deixou o Partido Republicano e se tornou democrata em 1971, foi eleito para o Congresso pela primeira vez em 1976 e a partir de então participou de todas as composições da casa até 1993.

Na década de 1990, deixou sua marca em Washington ao conseguir reduzir o déficit federal. No governo de Bill Clinton, foi nomeado para o Escritório de Gestão e Orçamento, onde participou da negociação de um acordo que elevou impostos e colocou o país no rumo do equilíbrio orçamentário. Assumiu depois a chefia de gabinete da Casa Branca, mas deixou o cargo antes que Clinton fosse alvo de um processo de impeachment no Congresso no caso Monica Lewinsky.

Diante deste currículo, mesmo congressistas democratas demonstraram ceticismo quando o recém-eleito presidente Obama nomeou Panetta para um cargo central na inteligência norte-americana. “Acredito que a agência estaria em melhor posição se tivesse à frente um profissional da inteligência neste momento”, chegou a afirmar a senadora Dianne Feinstein.

Analistas apontaram que Obama estava em uma situação difícil para esta nomeação. Apesar da preferência geral a nomes de dentro da CIA para dirigir a agência, o presidente queria escolher alguém com algum distanciamento das práticas violentas de interrogatórios que haviam manchado a imagem da agência nos anos George W. Bush.

A esse respeito, Panetta já havia escrito um artigo contra a prática de tortura para a revista Washington Monthly, em 2008. “Aqueles que apoiam a tortura devem acreditar que podemos cometer abusos contra prisioneiros sob certas circunstâncias e ainda assim continuar seguindo nossos valores”, escreveu. “Mas isto é falso. Ou acreditamos na dignidade do indivíduo, no império da lei e na proibição de punições cruéis, ou não. Não há meio termo”.

Na direção da CIA, Panetta defendeu a estratégia de bombardeios teleguiados contra supostos militantes em áreas tribais da fronteira entre Afeganistão e Paquistão, uma prática que já haviam começado no mandato de Bush.

Como chefe da espionagem norte-americana, viajou a mais de 30 países e empreendeu a tarefa de reerguer o prestígio da CIA, abalado pelas supostas falhas durante o 11 de Setembro de 2001 e pelos escândalos dos anos seguintes.

Casa Branca divulga imagens feitas durante operação

 
 
 
 
Foto 6 de 8 - A Casa Branca divulgou imagens do presidente dos EUA, Barack Obama, reunido com autoridades da segurança do país para discutir a operação que resultou na morte de Osama bin Laden, no Situation Room da Casa Branca, em Washington (EUA). As imagens foram feitas no domingo, quando foi lançada a ação Mais Pete Souza/Divulgação Casa Branca

Nenhuma das conquistas anteriores dos últimos dois anos, no entanto, está à altura da captura do terrorista mais procurado do mundo, no início deste mês, após um longo período de investigação que uniu alta tecnologia e práticas à moda antiga, como o grupo de espiões que vigiavam a casa de Abbottabad, no Paquistão, em busca de confirmações sobre a presença de Bin Laden no local.

Coincidência ou não, a operação contra Bin Laden aconteceu dias depois do anúncio do governo Obama de que Panetta deixará a CIA para assumir em breve o cargo de secretário de Defesa dos Estados Unidos.

*Com agências internacionais


 
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