Após morte de aluno, organização estudantil da FEA se diz favorável à presença da PM na USP

20/05/2011 22:13

 O Centro Acadêmico Visconde de Cairu, organização que representa os alunos da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), se declarou nesta sexta-feira (20) favorável à presença da Polícia Militar no campus, dois dias após a morte de um estudante no estacionamento da unidade.

“Como porta-vozes dos estudantes da FEA, nos posicionamos de modo favorável à presença da PM no campus”, afirma uma “carta aberta à comunidade”, divulgada na noite de hoje.

"Vivemos em uma sólida democracia republicana. Por mais que seja possível apontar uma série de problemas existentes na vida política da sociedade, devemos sublinhar que em nosso país não vigora um regime de exceção baseado na força e na repressão. Se abusos de autoridade existem, os mesmos devem ser investigados, punidos e prevenidos", argumenta o documento. "A polícia serve – e deve servir – à sociedade civil."

"Uma vez dentro do campus, é importante que os policiais sejam devidamente instruídos sobre as particularidades do ambiente universitário. Manifestações políticas pacíficas são uma constante no cotidiano da USP e o uso de força contra tais movimentos não poderá ocorrer. Para que se garanta a segurança, portanto, é preciso também que se garanta a convivência harmônica entre a autoridade policial e a comunidade."

O posicionamento rompe com a tradição da universidade, que é considerada uma área com relativa autonomia para administrar a segurança sem presença policial, devido ao histórico de abusos cometidos pelas forças militares contra alunos e professores no período da ditadura militar e, mais tarde, durante greves e manifestações.

"Terra de ninguém"

De acordo com a presidente do centro acadêmico, Maíra Madrid, 21, o documento foi redigido após consulta com os alunos da faculdade.

"Ontem (19) foram feitos diversos debates ao longo do dia e a gente sentiu que a visível maioria dos alunos tinha essa opinião”, afirma Maíra, aluna do quarto ano de Economia. “Semana que vem será feita uma votação para dar mais legitimidade a essa posição."

Felipe Henrique Lino, diretor de graduação do Centro Acadêmico e estudante do terceiro ano de Economia, defende a posição da entidade. “A presença ostensiva da PM no campus diminuiria a sensação de que a USP é uma terra de ninguém”, explica.

Protocolo de atuação

Mais cedo, um reunião de emergência, o Conselho Gestor do Campus da USP autorizou a reitoria da instituição a "estabelecer um protocolo" de atuação da PM "de imediato" na Cidade Universitária.

A reitoria ficará responsável por estabelecer quais seriam os limites dessa atuação -- atualmente, a força policial faz algumas rondas diárias dentro do campus na zona oeste de São Paulo. Os policiais fazem as blitze de carro e de bicicleta.

Estudante morre baleado na USP

 
 
 
 
Foto 43 de 47 - 19.mai.2011 Estudantes acendem velas e fazem minuto de silêncio em frente à FEA (Faculdade de Economia e Administração), da USP, no inicio da noite desta quinta-feira, em homenagem ao estudante Felipe Ramos de Paiva, 24, morto na noite de ontem com um tiro na cabeça. Os estudantes pedem mais segurança no campus Mais Pierre Duarte/Folhapress

Polícia ouve suspeitos

A SSP-SP (Secretaria de Segurança Púbica de São Paulo) confirmou na noite desta sexta-feira que ao menos oito homens foram apresentados ao longo do dia como possíveis suspeitos da morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, 24. Todos eles foram ouvidos e liberados.

A assessoria da SSP não soube informar onde seis dos oito prováveis suspeitos foram apresentados --foram confirmados apenas os casos do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e do 34º DP (Distrito Policial), na Vila Sônia. No DHPP, um jovem aparentando 25 anos foi liberado por volta das 17h10 depois de um depoimento de horas. Ele saiu acompanhado de duas familiares e disse à imprensa no local não ter “nada a declarar”.

O diretor do DHPP, Jorge Carlos Carrasco, não falou com a imprensa sobre este nem sobre outros interrogados. No 34º DP, uma equipe do DHPP foi deslocada até lá para ouvir um rapaz detido --que também foi liberado.

 
https://stationlove.webnode.com.br