"Emergência pode ter tirado controle dos pilotos", diz perito sobre acidente com o voo 447

18/05/2011 20:26

 Para o especialista em acidentes aéreos, Roberto Peterka, perito que atuou no caso do acidente envolvendo um avião da Gol e um jato Legacy, em maio de 2006, a teoria apresentada pelo jornal francês "Le Figaro", de que o acidente com o Airbus 330 da Air France, em 31 de maio de 2009, foi decorrente de uma falha humana, é possível. Mas para ele, a situação de emergência pode ter tirado o controle dos pilotos.

Franceses divulgam novas imagens de caixa-preta do voo AF 447

 
 
 
 
Foto 3 de 20 - 02.mai.2011: Cesta de metal é usada para remover caixa-preta do voo AF447. Os investigadores franceses só deverão descobrir nos próximos 15 dias se os dados da caixa-preta encontrada no domingo, do voo AF 447 da Air France, poderão ser extraídos e analisados, segundo o Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês), que apura as causas da queda do avião no Atlântico, em 2009 Mais Johann Peschel/BEA/Reuters

Nesta terça-feira, o jornal francês “Le Figaro” voltou a publicar um artigo reforçou a tese em um artigo publicado hoje em sua página na internet. Citando uma fonte do governo francês, o jornal voltou a defender que, segundo as primeiras avaliações de uma das caixas-pretas, o que provocou o acidente que matou 228 pessoas não foram falhas no sistema da Airbus, e sim o erro da tripulação.

“Falhas humanas vão aparecer, com o tempo, em cada caso de acidente aéreo”, diz Peterka. Ele diz que a versão adiantada pelo jornal francês é “possível”, mas é preciso deixar claro que isso não implica dizer que os pilotos tiveram a intenção de errar.

“O erro humano sempre vai acontecer, mas nesse caso, é preciso dizer que a tripulação, se errou, não agiu com intenção. Houve uma situação de emergência, uma sucessão de problemas no sistema que fugiu do controle dos pilotos”, diz Peterka.

O perito afirma que o Airbus 330 é, em termos tecnológicos, o avião mais inteligente do mercado, que praticamente, “executa sozinho um voo”.

Sobre a investigação, Peterka acredita que o fato de técnicos da empresa participarem da investigação não compromete o caso.

“É normal chamar o fabricante em casos como este. É importante lembrar que o BEA (sigla em inglês para o Escritório de Investigação e Análise para a Aviação Civil, encarregado de investigar o caso), assim como o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáutico), no Brasil, não têm finalidade criminal, ou seja, eles não procuram culpados, apenas investigam o que aconteceu”, diz Peterka.

Para ele, apesar do tempo passado embaixo d’água, é bem provável que as informações contidas nas caixas-pretas estejam intactas e forneçam as informações necessárias para descobrir as causas do acidente.

Ontem, as informações divulgadas pelo “Le Figaro” foram criticadas pelo BEA, pelos familiares das vítimas e também pelo Sindicato Nacional dos Pilotos de Linha francês (SNPL).

Em nota, o sindicato disse “repudiar as informações divulgadas horas depois das primeiras leituras dos registros” e que “não aceita que os pilotos mortos nesta catástrofe sejam jogados à opinião pública antes de uma análise exaustiva de todas as causas do acidente".

Nesta quarta-feira, a direção-geral da polícia militar francesa informou que os resultados dos testes para extrair o DNA das duas vítimas resgatadas do voo AF 447 da Air France são positivos, o que irá permitir a identificação dos corpos e também a continuidade das operações para retirar novos restos mortais do Atlântico. A Justiça francesa havia informado às famílias das vítimas na semana passada que se os corpos não pudessem ser identificados, não haveria novos resgates.

Tamanho da letra
Compartilhe
Imprimir
Comunicar erro
 
https://stationlove.webnode.com.br